Poesia: Danízio Dornelles
A Deusa que rege os mares
e meus passos
sabe o risco que corro
quando o sol projeta
poesia densa
no farol dos olhos
Em pétalas de lírio
repouso o metal
do inevitável silêncio,
segredo que divido com Ela
e com o rio
A mulher que encanta
tem jeito de borboleta ou flor
quimera ou cachoeira;
mas posso evitá-la
Tem um semblante
de pequena cascata
cristalinas ondas
que se desvelam
em fachos incandescentes
como a lua branca
que não temos;
mas posso evitá-la
A mulher que encanta
tem canto de ave
e seus passos são semeaduras
onde floresce o viço
da utopia que queima;
mas posso evitá-la
A mulher que encanta
caminha nua
mas veste-se de brilho
transita entre a sutileza dos dias
e o mistério noturno
das luas de pedra
É uma cidade imersa
de sóis e vidraças
onde minh'alma passa
querendo ficar
A mulher que encanta
acende uma brasa
e fica a soprar
uma chama febril
uma pedra de fogo
utopia sem asas
à direita de mim
E neste enlace
de céu e porvir
(entre terra e mar)
o sol que amanhece
a se repetir
traduz a sentença
da mulher que encanta:
- Poderei evitar?
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