22.8.13

Brasa

Imagem/poesia: Danízio Dornelles
Tudo queima
Tudo viceja, tudo arde
Feito grão da tempestade
Que, afinal, é como espelho

Contemplo o que pulsa,
Retempera, enlouquece
A cor da noite transparece
O estático elemento

Afinal, o que vigora:
O caminho mundo afora
Ou o espinho em movimento?

Guardo, por fim, o teu instante
No até mais do não sei quando
Que se perde vida adentro


8.8.13

Nós, os loucos

Imagem: Google/Reprodução
Poesia: Danízio Dornelles
Nós, os loucos, estamos na pele da noite
E na vertigem das ruas que transpiram povo
Somos o sentido impune da tempestade,
Onde colhemos a face de Quimera
Musa épica de um quadro libertário
Entre bandeiras de vinho e sangue 

À nossa volta, cavalos, demônios

E cães sentem fome de escuridão
Nós, os loucos, somos apenas luz!
Translúcida alquimia que queima
Delírio que rasga a treva da noite
E penetra o sentido das coisas comuns

No céu que adormece ferido de estrelas

Deixamos o beijo suspenso por um fio
Que seja de utopia! E assim diluímos
O frio num caminhar sem fim, de poesia

Aonde vamos, somos pedra.

Fosforescência itinerante de um tempo febril

Queimam os muros em tinta à nossa volta.

Dilacera a carne o medo que não temos
Nós, os loucos, por pouco nos perdemos
Entre o delírio de viver e ser poema

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