Imagem: desconhecido
Poesia: Danízio Dornelles
A fluidez da palavra
Tinge a loucura do mundo,
Concede-lhe um matiz
De carne, feito medo,
Uma estátua em chamas
Caminha sobre o ar,
E ambos caminhamos
Na mudez de seu segredo.
A espera das marés
Repousa em cada esquina,
Na palidez dos muros,
Onde acaba o infinito,
Confluência de corpos,
Desespero do invisível,
Num baú de cores mortas...
Num poema não-escrito...
Nua, a vertigem dos dedos
Clama por teu nome,
Selvagem quimera!
Noturna canção ao desalento!
Fagulha insone de trigo
Na pétala da epiderme,
Penetra todo o delírio
Num efêmero momento.
A premissa da carne
Vem queimando o mistério,
E consome a inocência
Na cicatriz do calor,
Pelo fruto, o tormento
É voraz feito um lobo:
"Todo gosto é teu gosto,
Só o pecado, teu amor"
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