Imagem: A Primavera de Frida e Van Gogh, de Rogério Fernandes
Poesia: Danízio Dornelles
Ao que parece
no céu de cetim
a face exposta
da lua de agosto
tem gosto de beijo.
E tu, primavera,
que queres de mim?
poema e rebeldia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . por Danízio Dornelles
27.12.13
30.11.13
Do brilho quente de estrelas em janelas frias
Imagem: Noite estrelada sobre o Rio Ródano, de Van Gogh
Poesia: Danízio Dornelles
nas horas mortas
o punhal da noite
fere os olhos das estrelas
(que choram brilho)
luz de contemplação
amor vivo que respinga
e escorre pelo corpo do tempo
e pelas janelas frias
destas horas mortas
o que vem do espaço
são como passos
adentrando portas
há anos-luz é assim:
o incontido afago
sem volta
se desprende
da retina do universo
para morrer estopim
sucumbe na busca
de outra quimera
nas janelas e bocas
nos sonhos dos loucos
que deste brilho
fazem seu fim
Poesia: Danízio Dornelles
o punhal da noite
fere os olhos das estrelas
(que choram brilho)
luz de contemplação
amor vivo que respinga
e escorre pelo corpo do tempo
e pelas janelas frias
destas horas mortas
o que vem do espaço
são como passos
adentrando portas
há anos-luz é assim:
o incontido afago
sem volta
se desprende
da retina do universo
para morrer estopim
sucumbe na busca
de outra quimera
nas janelas e bocas
nos sonhos dos loucos
que deste brilho
fazem seu fim
25.11.13
Partida
Imagem:
Poesia: Danízio Dornelles
Por onde irás,
oh vida?
Na contradança
deste sonho
mal ferido
pelo apreço,
entre uma noite
que suspira
desalento
(já sem volta)
ou querer
(sem endereço)
15.11.13
Eterno depois
Imagem: Fauna in La Mancha - Vladimir Kush
Poesia: Danízio Dornelles
insólito relâmpago
corta em fio
um retalho da tarde:
primavera arde
como brasa suspensa
no corpo do vento
tudo viceja.
tudo colore.
no brilho opaco
da parede morta
sombras se beijam
com bocas em flor
nas portas, alamedas:
porta-retratos de pele
sementes e grão.
esparsas silhuetas
de almas andantes
sedentas de mundo
famintas de pão
quantos sóis de silêncio
até o amanhecer do tempo
diluir-se em dois?
quanto caminho,
diurna promessa?
(infinita presença
no eterno depois)
Poesia: Danízio Dornelles
corta em fio
um retalho da tarde:
primavera arde
como brasa suspensa
no corpo do vento
tudo viceja.
tudo colore.
no brilho opaco
da parede morta
sombras se beijam
com bocas em flor
nas portas, alamedas:
porta-retratos de pele
sementes e grão.
esparsas silhuetas
de almas andantes
sedentas de mundo
famintas de pão
quantos sóis de silêncio
até o amanhecer do tempo
diluir-se em dois?
quanto caminho,
diurna promessa?
(infinita presença
no eterno depois)
24.9.13
Oco
Imagem: Google/Reprodução
Poesia: Danízio Dornelles
Neste sufoco
Oco
No transpirar
Das coisas alheias
Não há pedra
Que dê luz
Inúmeros números,
Relógios certos,
Loucas chamadas...
Neste sufoco
Oco,
(Na vida-gaiola
do tempo)
Toda hora
É madrugada
22.8.13
Brasa
Imagem/poesia: Danízio Dornelles
Tudo queima
Tudo viceja, tudo arde
Feito grão da tempestade
Que, afinal, é como espelho
Contemplo o que pulsa,
Retempera, enlouquece
A cor da noite transparece
O estático elemento
Afinal, o que vigora:
O caminho mundo afora
Ou o espinho em movimento?
Guardo, por fim, o teu instante
No até mais do não sei quando
Que se perde vida adentro8.8.13
Nós, os loucos
Imagem: Google/Reprodução
Poesia: Danízio Dornelles
Nós, os loucos, estamos na pele da noite
E na vertigem das ruas que transpiram povo
Somos o sentido impune da tempestade,
Onde colhemos a face de Quimera
Musa épica de um quadro libertário
Entre bandeiras de vinho e sangue
À nossa volta, cavalos, demônios
E cães sentem fome de escuridão
Nós, os loucos, somos apenas luz!
Translúcida alquimia que queima
Delírio que rasga a treva da noite
E penetra o sentido das coisas comuns
No céu que adormece ferido de estrelas
Deixamos o beijo suspenso por um fio
Que seja de utopia! E assim diluímos
O frio num caminhar sem fim, de poesia
Aonde vamos, somos pedra.
Fosforescência itinerante de um tempo febril
Queimam os muros em tinta à nossa volta.
Dilacera a carne o medo que não temos
Nós, os loucos, por pouco nos perdemos
Entre o delírio de viver e ser poema
Leia também:
Nós, os poemas
A razão da poesia
Operário
11 de setembro
Embriaguez
Poesia: Danízio Dornelles
Nós, os loucos, estamos na pele da noite
E na vertigem das ruas que transpiram povo
Somos o sentido impune da tempestade,
Onde colhemos a face de Quimera
Musa épica de um quadro libertário
Entre bandeiras de vinho e sangue
À nossa volta, cavalos, demônios
E cães sentem fome de escuridão
Nós, os loucos, somos apenas luz!
Translúcida alquimia que queima
Delírio que rasga a treva da noite
E penetra o sentido das coisas comuns
No céu que adormece ferido de estrelas
Deixamos o beijo suspenso por um fio
Que seja de utopia! E assim diluímos
O frio num caminhar sem fim, de poesia
Aonde vamos, somos pedra.
Fosforescência itinerante de um tempo febril
Queimam os muros em tinta à nossa volta.
Dilacera a carne o medo que não temos
Nós, os loucos, por pouco nos perdemos
Entre o delírio de viver e ser poema
Leia também:
Nós, os poemas
A razão da poesia
Operário
11 de setembro
Embriaguez
12.7.13
Nós, os poemas
Imagem: Google/Reprodução
Texto: Danízio Dornelles
Nós, os poemas, deliramos subitamente na alcova das palavras.
Diluímos o verbo não dito no pecado de um beijo ou de um disparo na escuridão. Sangramos lágrima. Choramos suor.
Em carne viva, despimos a vergonha da plenitude.
Nós, os poemas, somos feitos de pelos e quimeras. Fragmentos de utopia. Afagos sinceros e rimas. Ingênuos fados que fascinam.
Entre o gosto e o agosto, um gole de metáfora dilui na noite o que não se dilui na pele. Então nós, os poemas, cantamos às mãos o que não se canta à lua.
Vestimos o gesto que esculpe as ruas. Somos um pouco de todos. Um fragmento de pedra. Uma alquimia de luta.
Porque entre nós, os poemas, não há o absoluto nem o fraterno abstrato. O que não corta, não serve. O que não sangra, não ama.
Anoitecemos, pois, entre estrelas e estrofes. Num céu que conspira em seu matiz de chama.
Leia também:
-A razão da poesia
-Rebeldia II
-Mudança
-Des(a)tino
-Ligeiro delírio do gosto
Texto: Danízio Dornelles
Nós, os poemas, deliramos subitamente na alcova das palavras.
Diluímos o verbo não dito no pecado de um beijo ou de um disparo na escuridão. Sangramos lágrima. Choramos suor.
Em carne viva, despimos a vergonha da plenitude.
Nós, os poemas, somos feitos de pelos e quimeras. Fragmentos de utopia. Afagos sinceros e rimas. Ingênuos fados que fascinam.
Entre o gosto e o agosto, um gole de metáfora dilui na noite o que não se dilui na pele. Então nós, os poemas, cantamos às mãos o que não se canta à lua.
Vestimos o gesto que esculpe as ruas. Somos um pouco de todos. Um fragmento de pedra. Uma alquimia de luta.
Porque entre nós, os poemas, não há o absoluto nem o fraterno abstrato. O que não corta, não serve. O que não sangra, não ama.
Anoitecemos, pois, entre estrelas e estrofes. Num céu que conspira em seu matiz de chama.
Leia também:
-A razão da poesia
-Rebeldia II
-Mudança
-Des(a)tino
-Ligeiro delírio do gosto
25.6.13
Rebeldia II
Poesia/Imagem: Danízio Dornelles
centelha de aço
ao povo que passa
rompendo o imposto
traduz-me, te peço
em singelo apreço
de amor. E amanheço
na luta que avança
na fluidez, manifesto
a dor. E renasço
na cor do protesto
bandeira que abraço
Leia também:
Mudança
A estética (dos que morrem) do frio
Os olhos de Korda repousam sobre Cuba
Rebeldia
Golpe
(Pelotas, 20/06/2013 - 20 mil pessoas ocupam
as ruas exigindo avanços no campo popular)
viceja teu gostocentelha de aço
ao povo que passa
rompendo o imposto
traduz-me, te peço
em singelo apreço
de amor. E amanheço
na luta que avança
na fluidez, manifesto
a dor. E renasço
na cor do protesto
bandeira que abraço
Leia também:
Mudança
A estética (dos que morrem) do frio
Os olhos de Korda repousam sobre Cuba
Rebeldia
Golpe
24.6.13
Inverno
Poesia/Imagem: Danízio Dornelles
Teus olhos, inverno
pecado e semente
tortura da carne
que a carne não sente
Farás do mistério
encanto fecundo
abismo da alma
às portas do mundo
Queimarás minha pele
no fruto do fogo
desejo em chama
aos olhos do lobo
Inverno do acalanto
do encanto, afinal
morrerás tu em flor
eu, em temporal
Leia também:
Ligeiro delírio do gosto
Breve II
Des(a)tino
Vida-noite, roda-amor
A razão da poesia
Teus olhos, inverno
pecado e semente
tortura da carne
que a carne não sente
Farás do mistério
encanto fecundo
abismo da alma
às portas do mundo
Queimarás minha pele
no fruto do fogo
desejo em chama
aos olhos do lobo
Inverno do acalanto
do encanto, afinal
morrerás tu em flor
eu, em temporal
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Ligeiro delírio do gosto
Breve II
Des(a)tino
Vida-noite, roda-amor
A razão da poesia
12.6.13
Amor passarinho
Imagem: Google/Reprodução
Poesia: Danízio Dornelles
passa
o amor passarinho
por um fio
de luz ou utopia
apêndice da terra
prolongamento
em movimento
de um céu
que assovia
amor passarinho
que passa
é promessa
ou ninho?
nada se sabe
de suas asas
para sempre casa
ou amanhã espinho
amor passarinho?
Leia também:
Correnteza
Nostalgia
O misticismo do frio
A razão da poesia
Vida-noite, roda-amor
Poesia: Danízio Dornelles
passa
o amor passarinho
por um fio
de luz ou utopia
apêndice da terra
prolongamento
em movimento
de um céu
que assovia
amor passarinho
que passa
é promessa
ou ninho?
nada se sabe
de suas asas
para sempre casa
ou amanhã espinho
amor passarinho?
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Correnteza
Nostalgia
O misticismo do frio
A razão da poesia
Vida-noite, roda-amor
10.6.13
Jemah
Imagem: Google/Divulgação
Poesia: Danízio Dornelles
Uma centelha de mundo
acende os olhos do homem
que beija o calor fecundo
do fogo que lhe consome
Haverá sonoro apego
por entre as flores da morte
por entre as cores do medo
a busca incerta do norte
Quebra a rima, não importa
depois emenda os pedaços
costura a alma das portas
ao corpo inerte do aço
Escorre a navalha fria
sobre o verbo em carne nua
sangra em delírio a poesia
beijando restos de lua
Cada corpo, um sol errante
a queimar na hora escura
a eternidade do instante
que abstrai toda a loucura
Por entre o final dos tempos
dilui na sombra o caminho
queima o absinto dos olhos
sangra a noite em desalinho
Leia também:
Operário
Fragmento
Anjos
Caminhante
Ligeiro delírio do gosto
Poesia: Danízio Dornelles
acende os olhos do homem
que beija o calor fecundo
do fogo que lhe consome
Haverá sonoro apego
por entre as flores da morte
por entre as cores do medo
a busca incerta do norte
Quebra a rima, não importa
depois emenda os pedaços
costura a alma das portas
ao corpo inerte do aço
Escorre a navalha fria
sobre o verbo em carne nua
sangra em delírio a poesia
beijando restos de lua
Cada corpo, um sol errante
a queimar na hora escura
a eternidade do instante
que abstrai toda a loucura
Por entre o final dos tempos
dilui na sombra o caminho
queima o absinto dos olhos
sangra a noite em desalinho
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Operário
Fragmento
Anjos
Caminhante
Ligeiro delírio do gosto
1.5.13
Operário
Imagem: Muhammed Muheisen/AP
Poesia: Danízio Dornelles
Opaca fuligem por manto,
Suor feito bandeira,
Arrasta-se o tempo
para seu espanto,
Tarda o momento
da hora derradeira...
Minutos por eternidades
perpetuam brados,
a distância de alguém...
E suas mãos-poema
esculpem o fardo,
regando a miséria
que a poucos convém.
Tardam os sonhos florir,
Tarda o mês a findar,
Martelos de carne
que pulsam,
Num coração de mundo
a girar...
Leia também:
Em frente!
Mudança
Extra
21 de agosto
Vermelhas bandeiras
Poesia: Danízio Dornelles
Opaca fuligem por manto,
Suor feito bandeira,
Arrasta-se o tempo
para seu espanto,
Tarda o momento
da hora derradeira...
Minutos por eternidades
perpetuam brados,
a distância de alguém...
E suas mãos-poema
esculpem o fardo,
regando a miséria
que a poucos convém.
Tardam os sonhos florir,
Tarda o mês a findar,
Martelos de carne
que pulsam,
Num coração de mundo
a girar...
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Em frente!
Mudança
Extra
21 de agosto
Vermelhas bandeiras
28.4.13
Fragmento
Imagem: Google/Reprodução
Poesia: Danízio Dornelles
A margem oposta
Desde então
Poesia: Danízio Dornelles
A margem oposta
ao centro
é meu norte
onde te encontro
passageira errante
em flor e poeira
Na estrada
sem passos
ou espaços
meu abraço
se perdeu de ti
Desde então
viajo na sombra
da alquimia
do desencontro
O ceu se espanta
em desencanto
escandaliza
o amor-poente
A tua ausência
já transparente
no escuro canto
de um bem-te-vi
desconhece o fim
Pelo outono
que se propaga
fecunda a chama
indecomponível
do fragmento
Anjos
Imagem: Google/Reprodução
Poesia: Danízio Dornelles
Um anjo inerte
Poesia: Danízio Dornelles
Um anjo inerte
acolheu meu sono,
velando a lágrima
oculta em mar;
um anjo louco
um anjo louco
e um pouco santo
em tênis de lona
pôs-se a voar...
Outro descalço
chegou depois:
vergas de terra
por entre os dedos,
falava coisas
sobre divisas,
romper as cercas...
matar o medo...
Vieram tantos,
e tantos mais,
esculpir o tempo,
estático grão;
havia um anjo
da tempestade,
havia um anjo
da escuridão...
Vieram todos,
do mar, da bruma,
da lua rasa,
das flores mortas;
vieram anjos,
(vermelhas pipas)
no céu que habita
por trás das portas...
Leia também:
A razão da poesia
Vida-noite, roda-amor
Breve
Caminhante
Escuridão da poesia
Vieram todos,
do mar, da bruma,
da lua rasa,
das flores mortas;
vieram anjos,
(vermelhas pipas)
no céu que habita
por trás das portas...
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A razão da poesia
Vida-noite, roda-amor
Breve
Caminhante
Escuridão da poesia
7.4.13
Noturno por Dom Ferreira
Imagem: Google/Reprodução
Poesia: Danízio Dornelles
Inspirado no espetáculo Terras de Fronteira, de Charles FerreiraDensa morte,
estúpida sina
margeia a alma liberta
fez-lhe, o tempo, pergaminho
trouxe a vida, o desafeto
Cintila páginas
em ferida
em ferida
pesada neblina
em remorso
restos de noite, perdidos
rangem sinistros nos ossos
Dom Ferreira
a tempestade
é lágrima em desvario
olhos presos no infinito
morre a alma
em assovio
Num fim de tarde,
esquecido
corda presa
em céu suspenso
Dom Ferreira beija a morte
no colorado de um lenço
Que amor terá nos olhos?
que poema
ainda lhe encanta?
amarra a corda em silêncio...
queima a agonia na pampa...
Haverá um fio de esperança
fagulha inerte do frio
curando
a alma do homem
cruzando
as águas do rio
Leia também:
A razão da poesia
Breve
A Noiva
O copo
A noite ser
em remorso
restos de noite, perdidos
rangem sinistros nos ossos
Dom Ferreira
a tempestade
é lágrima em desvario
olhos presos no infinito
morre a alma
em assovio
Num fim de tarde,
esquecido
corda presa
em céu suspenso
Dom Ferreira beija a morte
no colorado de um lenço
Que amor terá nos olhos?
que poema
ainda lhe encanta?
amarra a corda em silêncio...
queima a agonia na pampa...
Haverá um fio de esperança
fagulha inerte do frio
curando
a alma do homem
cruzando
as águas do rio
Leia também:
A razão da poesia
Breve
A Noiva
O copo
A noite ser
7.3.13
Comemorações sobre a morte de Chávez
Imagem: reprodução/Google
Texto: Danízio Dornelles
Hoje li – indignado – comemorações no Facebook sobre a morte do presidente Hugo Chávez. Depois, com calma, até senti pena. Algumas pessoas são, sim, dignas de pena. E não é pela divergência de opiniões (algo que considero importante), mas pela capacidade de reprodução de um discurso simplório, desses que a gente lê na revista Veja e em outras publicações do gênero. Einstein costumava dizer que duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. O cientista argumentava não estar absolutamente certo sobre a primeira. Eu fico impressionado a cada dia com a expansão da segunda...
Quando percebo que alguns universitários (sim, esses mesmos) abdicam do direito de pensar para simplesmente reproduzir um discurso tosco (aos moldes do que falavam e pensavam os golpistas ao justificarem o AI-5 no Brasil), percebo que a universidade por aqui tem falhado em muitos pontos.
O sistema eleitoral na Venezuela, por exemplo, é considerado um dos mais seguros do mundo. Muita gente não sabe disso ou finge não saber. Lá, além da votação eletrônica, há (simultaneamente) a utilização de cédulas. Alguém já se perguntou se nosso sistema eletrônico é totalmente a prova de fraudes? A leitura biométrica – utilizada em algumas cidades brasileiras na última eleição – já é uma realidade por lá. Recentemente, observadores da Coreia do Sul (repito, do Sul) visitaram a República Caribenha e acompanharam as eleições, com o objetivo de implantar em seu país o mesmo sistema eleitoral. Lá, ao contrário do Brasil, não é obrigatório votar. Contudo, cerca de 80% da população compareceu às urnas na última eleição. Não é estranho que num sistema eleitoral como esse, um “ditador” seja eleito presidente?
O tragicômico da história e ver alguns filhotes da Ditadura – como diria Brizola – agora chamando Hugo Chávez de ditador.
Para reflexão, deixo um texto do lúcido pensador uruguaio Eduardo Galeano:
“Hugo Chávez es un demonio. ¿Por qué? Porque alfabetizó a 2 millones de venezolanos que no sabían leer ni escribir, aunque vivían en un país que tiene la riqueza natural más importante del mundo, que es el petróleo. Yo viví en ese país algunos años y conocí muy bien lo que era. La llaman la "Venezuela Saudita" por el petróleo. Tenían 2 millones de niños que no podían ir a las escuelas porque no tenían documentos. Ahí llegó un gobierno, ese gobierno diabólico, demoníaco, que hace cosas elementales, como decir "Los niños deben ser aceptados en las escuelas con o sin documentos". Y ahí se cayó el mundo: eso es una prueba de que Chávez es un malvado malvadísimo. Ya que tiene esa riqueza, y gracias a que por la guerra de Iraq el petróleo se cotiza muy alto, él quiere aprovechar eso con fines solidarios. Quiere ayudar a los países suramericanos, principalmente Cuba. Cuba manda médicos, él paga con petróleo. Pero esos médicos también fueron fuente de escándalos. Están diciendo que los médicos venezolanos estaban furiosos por la presencia de esos intrusos trabajando en esos barrios pobres. En la época en que yo vivía allá como corresponsal de Prensa Latina, nunca vi un médico. Ahora sí hay médicos. La presencia de los médicos cubanos es otra evidencia de que Chávez está en la Tierra de visita, porque pertenece al infierno. Entonces, cuando se lee las noticias, se debe traducir todo. El demonismo tiene ese origen, para justificar la máquina diabólica de la muerte.”
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18.2.13
Ligeiro delírio do gosto
Imagem: reprodução/Google
Poesia: Danízio Dornelles
Gosto do gosto que tece
Na boca que inflama,
Do corpo que aquece
Ao mistério da chama,
Do suor que adormece
A palavra que exclama.
Gosto do gosto que bebe
O suspiro que exala,
Do olhar que percebe
O verbo que cala,
Da luz que concebe
O segredo da fala.
Gosto do gosto fecundo
Do teu desvario,
Abismo profundo
Dos olhos em cio,
Desejos do mundo...
Poemas do frio...
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15.2.13
Bento
Imagem: Reprodução/Google
Poesia: Danízio Dornelles
Foi-se outro papa
Riscado do mapa
Onde
Noutros tempos
A fúria dos ventos
Rasgava bandeiras
Cuspia fogueiras
Aos pés de Joana...
Foi-se,
Assim de repente
Rumor estridente
O papa, coitado
Na carta marcada
Deu logo o sinal:
Ataque dos mouros!
E logo partiu,
O papa-amigo
Levando consigo
Um pote de ouro...
Leia também:
Pranto
Imagem: desconhecido
Poesia: Danízio Dornelles
Fechar os olhos,
Despertar cada segredo:
Outro dia senti medo
Que a estrela se apagasse,
Que todo o céu se abrisse,
Que escuridão me sorrisse,
E a noite inteira chorasse...
Leia também:
Despedida
Correnteza
Escuridão da poesia
Caminhante
A agonia branca de um poema não-escrito
Poesia: Danízio Dornelles
Fechar os olhos,
Despertar cada segredo:
Outro dia senti medo
Que a estrela se apagasse,
Que todo o céu se abrisse,
Que escuridão me sorrisse,
E a noite inteira chorasse...
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Despedida
Correnteza
Escuridão da poesia
Caminhante
A agonia branca de um poema não-escrito
14.2.13
Sol em brasa e pele
Imagem: desconhecido
Poesia: Danízio Dornelles
O sol caminha
Num descaminho
Feito corpo,
Feito corpo,
Cintila raios de vida
Onde morrem meus olhos,
No vazio de teus passos,
Na luz de tua pele...
Confluência do tempo
No mistério das horas,
Queimando lentas
Por tua chama.
Por tua chama.
O sol - brasa e ferida,
Sangra a agonia...
Semente da vida
Semente da vida
Quando vens,
Com navalhas de carne,
Silêncios de lua,
Respingos de flor,
A diluir meus medos...
Orvalho e areia,
Guardado secreto
No baú dos dias,
Na treva da alma,
Que clama por ti...
Leia também:
Breve II
Imagem: desconhecido
Poesia: Danízio Dornelles
O tempo
(quando ele quer)
(quando ele quer)
Repousa por um segundo,
Pra que o poeta veja o mundo
Nos olhos de uma mulher;
Depois,
A agonia invade,
A agonia invade,
Levando o mundo por diante,
Naquele mágico instante
Que os loucos chamam saudade...
Leia também:
5.2.13
Humanos
Imagem: desconhecido
Poesia: Danízio Dornelles
Somos um fragmento de mundo,
feito vida;
feito vida;
já emergimos do tempo,
sangrando a utopia da palavra
em despedida
em despedida
Guardamos na lágrima
angústia de mar,
angústia de mar,
bebemos nas feridas
a cura do incurável:
a cura do incurável:
A noite, impiedosa fada,
há de passar,
há de passar,
trazendo o alforje da sentença.
Somos um fragmento de mundo
em transformação,
opaca sombra, luz da crença,
a perambular no tempo
antes da morte
Somos pedra.
A vidraça do comum é nosso norte
Somos um fragmento de mundo
em transformação,
opaca sombra, luz da crença,
a perambular no tempo
antes da morte
Somos pedra.
A vidraça do comum é nosso norte
Leia também:
2.2.13
O pecado da nudez
Imagem: desconhecido
Poesia: Danízio Dornelles
A fluidez da palavra
Tinge a loucura do mundo,
Concede-lhe um matiz
De carne, feito medo,
Uma estátua em chamas
Caminha sobre o ar,
E ambos caminhamos
Na mudez de seu segredo.
A espera das marés
Repousa em cada esquina,
Na palidez dos muros,
Onde acaba o infinito,
Confluência de corpos,
Desespero do invisível,
Num baú de cores mortas...
Num poema não-escrito...
Nua, a vertigem dos dedos
Clama por teu nome,
Selvagem quimera!
Noturna canção ao desalento!
Fagulha insone de trigo
Na pétala da epiderme,
Penetra todo o delírio
Num efêmero momento.
A premissa da carne
Vem queimando o mistério,
E consome a inocência
Na cicatriz do calor,
Pelo fruto, o tormento
É voraz feito um lobo:
"Todo gosto é teu gosto,
Só o pecado, teu amor"
Leia também:
Des(a)tino
Nudez
Sexo, cooler e Janis Joplin
Poesia: Danízio Dornelles
A fluidez da palavra
Tinge a loucura do mundo,
Concede-lhe um matiz
De carne, feito medo,
Uma estátua em chamas
Caminha sobre o ar,
E ambos caminhamos
Na mudez de seu segredo.
A espera das marés
Repousa em cada esquina,
Na palidez dos muros,
Onde acaba o infinito,
Confluência de corpos,
Desespero do invisível,
Num baú de cores mortas...
Num poema não-escrito...
Nua, a vertigem dos dedos
Clama por teu nome,
Selvagem quimera!
Noturna canção ao desalento!
Fagulha insone de trigo
Na pétala da epiderme,
Penetra todo o delírio
Num efêmero momento.
A premissa da carne
Vem queimando o mistério,
E consome a inocência
Na cicatriz do calor,
Pelo fruto, o tormento
É voraz feito um lobo:
"Todo gosto é teu gosto,
Só o pecado, teu amor"
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Des(a)tino
Nudez
Sexo, cooler e Janis Joplin
27.1.13
O beijo da morte
Imagem: desconhecido
Poesia: Danízio Dornelles
A opaca figura
do grande ceifador
sorriu...
Sem negra peste,
escura fumaça
lhe serviu de foice.
Agonia,
beijo de fogo
da morte.
A sorte?
Andava avulsa,
noutro rumo,
ao norte...
E todos, enfim,
fugazes atores,
crianças,
que ainda somos,
choramos as dores
do que não fomos...
Estranho fim
da vida,
diluída
em gritos e fogo;
Tenra existência
como se a morte
fosse um jogo
onde se perde
cada inocência.
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A noite ser
O copo
Poesia: Danízio Dornelles
A opaca figura
do grande ceifador
sorriu...
Sem negra peste,
escura fumaça
lhe serviu de foice.
Agonia,
beijo de fogo
da morte.
A sorte?
Andava avulsa,
noutro rumo,
ao norte...
E todos, enfim,
fugazes atores,
crianças,
que ainda somos,
choramos as dores
do que não fomos...
Estranho fim
da vida,
diluída
em gritos e fogo;
Tenra existência
como se a morte
fosse um jogo
onde se perde
cada inocência.
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A noiva
A noite ser
O copo
17.1.13
Despedida
Poesia/imagem: Danízio Dornelles
É madrugada...
Sangro suave
a agonia impune
de uma morte escura
(já conhecida)...
Abismo secreto,
que escolhi para mim
e para nós!
Levados,
por rumores
e motores,
passos e turbinas,
pedais e ondas,
partimos e ficamos,
riso e choro
pecado e promessa.
"Até breve"
O amor tem pressa...
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A razão da poesia
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Sangro suave
a agonia impune
de uma morte escura
(já conhecida)...
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e para nós!
Levados,
por rumores
e motores,
passos e turbinas,
pedais e ondas,
partimos e ficamos,
riso e choro
pecado e promessa.
"Até breve"
O amor tem pressa...
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