Poesia: Danízio Dornelles
Poesia de carne, tempestade noturna
Sangraste o moinho da paz
Com o mais sombrio dos devaneios...
Rasgaste os ventos em teu murmúrio
Adormeceste o fogo em teu peito
Na chama mais louca que a noite concebeu
Trago-te um papel em branco
E nele transfiguro tua alma
Como poema de vida ou de morte
No sal do mar que não conheço
Na cicatriz da lágrima (agora íntima)
Na agonia do agosto de tantos mortos
Esta palavra tua, encantada
E este meu silêncio de inverno
Não sangres o soneto
Nem decifres a mensagem
O cotidiano espreita nas sombras mais sombras
E meu querer mutilado
Tem sonho nos olhos
E poesia nas mãos...
O oceano da utopia que desconheço
Leva para longe o pequeno barco
No translúcido do vidro, a mensagem:
Os últimos recados
A inércia de um poema não escrito
Na agonia branca de uma folha de papel
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