Imagem: desconhecido
Poesia: Danízio Dornelles
Antes do fim do mundo
Pistache-me fundo
Um beijo em suor
Pistache-me um sonho
Um sonho qualquer
Gosto de mulher
Ou de mundo melhor
Pistache-me, peço
No fundo, padeço
Se sou, aconteço
Já não mais importa
Pistache-me, apenas
E por um segundo
Que se finde o mundo
Que se feche a porta
Pistache-me
Na vertigem do sol
(que se dilui)
Em cores e gostos
De copo e semente
Horizonte e leite
Pistache-me
(antes que o dia acabe)
Que o mundo finde
Que o céu desabe
Feito um brinde
A um poeta louco
Que se perdeu
Pistache-me
Em prosa e língua
Em verso e pernas
Em pele branca
Em noite escura
Em riso franco
Feito moldura
Antes que o mundo acabe
Céu púrpuro no horizonte
Vermelhos sonhos
Pistache-me...
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22.12.12
20.12.12
Véspera de Natal
Para ofuscar a escuridão miserável,
Todos se abraçam!
(Vamos, prove!
Um pouco de ópio não fará mal...)
Esqueça o vazio das mãos estendidas
Do lado de fora das vitrines,
Que agora estão cheias de corpos vazios,
Esqueça o brilho morto
Do olhar perdido sobre a calçada,
Esqueça a esperança
Dos que perderam a fé,
Dos que sabem
Que ninguém virá,
E, se vier, será para poucos...
É tempo de paz!
Paz, para quem consome
A razão da miséria alheia.
Do lado de dentro,
Atrás das portas com grades de ferro,
A espera sagrada é sorvida num cálice de sorrisos;
Lá fora, a infinita tormenta
Não cala, não espera...
Alguém sempre chega,
Antes mesmo de dezembro,
Para consumir frágeis corpos
Pelo caminho frio das calçadas humanas,
Desumanas...
Inocentes sentidos adormecem
Sem saber o porquê...
Feliz Natal!
Brindemos a eles,
Brindemos a eles,
Que rastejam sob o papelão imundo
Dos obstáculos diminutos,
Deitados em nosso caminho,
A sangrar a permanente agonia,
A qual, desavisados, chamamos existência...
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É demais a Capital!
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6.12.12
A agonia branca de um poema não escrito
Imagem: desconhecido
Poesia: Danízio Dornelles
Poesia: Danízio Dornelles
Poesia de carne, tempestade noturna
Sangraste o moinho da paz
Com o mais sombrio dos devaneios...
Rasgaste os ventos em teu murmúrio
Adormeceste o fogo em teu peito
Na chama mais louca que a noite concebeu
Trago-te um papel em branco
E nele transfiguro tua alma
Como poema de vida ou de morte
No sal do mar que não conheço
Na cicatriz da lágrima (agora íntima)
Na agonia do agosto de tantos mortos
Esta palavra tua, encantada
E este meu silêncio de inverno
Não sangres o soneto
Nem decifres a mensagem
O cotidiano espreita nas sombras mais sombras
E meu querer mutilado
Tem sonho nos olhos
E poesia nas mãos...
O oceano da utopia que desconheço
Leva para longe o pequeno barco
No translúcido do vidro, a mensagem:
Os últimos recados
A inércia de um poema não escrito
Na agonia branca de uma folha de papel
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