28.8.12

Cinco da manhã

Poesia/Imagem: Danízio Dornelles
Cá, onde adormeço, 
vigio teu sono com asas macias...
Emplumadas sentenças
entre a fuligem opaca das estrelas
e o som das aves que denunciam:
a sexta-feira é caminho!

É noturno o meu apego.
Sou grão de trigo a escorrer 
na ampulheta do tempo;
o fruto das colheitas,
a utopia da vida!

O silêncio é cristal.
Ameaça despencar
no abismo matinal dos que, lá fora,
se apressam...

Na rua de terra,
os passos apressados
avançam;
só teu sono permanece.
Bebe no aconchego das nascentes,
repousa no ar,
no céu,
fogo, vento, tempestade
e escuridão,
que ameaça sucumbir...

Tudo é delírio!

Até que desperto
(transponho a inércia)
para desvendar o mistério oculto
na luz de teu corpo
que também amanhece...


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