8.6.12

O Copo


Autor:
Imgem - desconhecido
Poesia - Danízio Dornelles

(a um poeta morto)

Inerte, cheio de vazio,
Feito a alma do poeta...
Que bebe a ausência secreta,
Do calor de quem partiu.

Em seus destinos iguais:
Um é amargo e sereno,
O outro bebe o veneno
Que conduz ao nunca mais...

A fonte, já sem valia,
Espelha o corpo profano;
Cortado pelos minuanos,
Sonha ver a luz do dia.

Quando emana o desamor
Nos deserdados da sorte,
Sorvem a essência da morte
Pensando beijar a flor.

Na madrugada silente
Acharam o cristal quebrado,
E flores amareladas
Velando a dor de um ausente!

Sob um canto já sem luz,
Sucumbe a mera existência
E no copo, a transparência
Reflete agora uma cruz.

Quem foi e quem seria,
O corpo ali tombado?
Talvez um homem calado,
Transbordante de poesia

Partiu a alma, liberta,
Restou o copo em pedaços,
E quatro luzes escassas,
Pra iluminar o poeta...

Nenhum comentário:

Postar um comentário