Imagem: La Noche de los Pobres, de Diego Rivera
Poesia: Danízio Dornelles
É uma arte tão confusa
Ser noite além da tristeza,
Sorrir do íntimo pranto,
Buscando na dor, beleza...
Haverá vida e poesia
Na escuridão mais completa?
Nos cadáveres de pedra
Há muitas vozes de poetas!
É um mistério estar vivo,
E cantar o que se chora,
Beijar os lábios da morte,
Pedindo que vá embora!
E ver fantasmas da terra
Nas metáforas marcadas,
Cantando doces sonetos
Para as rosas mutiladas...
É um segredo incompreendido
Querer da flor, o espinho,
Ofertar o amor às trevas
Seguir a noite, sozinho...
Ser noite é viver de abismos,
Por entre sombras vazias,
Sangrando a extinta chama
Do olhar que lhe sorria!
É reencarnar o que está morto
Na cruz de alma singela,
E agonizar entre os vultos
Que espreitam além da janela.
Ser noite é mais do que o dia:
É ter sonho peregrino,
É brindar veias abertas,
À luz de um novo destino.
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