28.5.12

O vestido da morte


Autor:
Imagem - desconhecido
Poesia - Danízio Dornelles
O vestido da morte se arrasta pela terra
Escurece os olhos das searas repartidas
Amarra corpos com os fios dos alambrados
Semeia a fome sobre a terra prometida

O vestido da morte é escuro como a noite
Carrega a poeira dos decretos assassinos
Quando escurece vem beber o sangue alheio
Na condição que a ganância determina

Em cada enxada que emudece sobre a terra
Fica a semente da partilha, adormecida
Seguem na estrada, contra o vento e a cobiça
Atrás a morte, arrastando seu vestido

E pelos rastros de quem parte, de quem fica
Há uma certeza feito carne, feito prece
Os alambrados são o sustento da morte
Que veste o luto daqueles que anoitecem

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