4.3.12

11 de setembro


Autor:
Imagem - desconhecido
Poesia: Danízio Dornelles
Há uma ferida na noite
Santiago sangra
As ruas são desertos de sonhos
Por onde a estupidez, a passos largos, caminha...
Vermelho pálido de desesperadas chamas
Cinza escuro na escuridão dos dias
La Moneda está em chamas
Santiago sangra
Há uma ferida na noite...
O perfil esguio da pátria veste luto
E suas veias tingem a cordilheira de rubro
Uma luz triste vibra nas cordas da guitarra
Daquele que não mais recordará Amanda
A agonia está na pele do monstro
Que, aos gritos, anuncia a morte da vida
O desespero da inocência
ante o triunfo da estupidez humana, desumana
Santiago está em chamas
A dor queima a alma do poeta, que escurece
No mar salgado da lágrima mais triste
É a morte da real utopia
É o silêncio da desesperança
Neruda fecha os olhos, a poesia adormece 
A águia repousa outra vez sobre a terra latina
E suas garras tem fome de sangue
dos corpos que alimentam o norte
La Moneda está em chamas
Há uma ferida sem cura em Allende
O povo sangra

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