6.2.12

O terço


Imagem: desconhecido
Poesia: Danízio Dornelles
Um terço triste do sonho
Dou às garras da ganância
Que mesmo matando a infância
Mantém o olhar risonho
Um terço do que semeei
Nas vergas que não são minhas
Brotou cercado de espinhos
Do sangue que não herdei
O terço da minha miséria
O terço que eu, só, plantei
Na insensatez de uma lei
Pertence a outras artérias
Um terço para o senhor
Um terço pra seu sustento
Quem semeia contra o vento
Só colhe frutos de dor
As lágrimas sobre o chão
(Flores brotadas do avesso)
Lamentam também o terço

Nenhum comentário:

Postar um comentário